o que temos

Meu Espelho São As Outras

Posted: June 19th, 2020 | Author: | Filed under: himen elastika literatura erótica anti-pornográfica | Tags: , , , , , | Comments Off on Meu Espelho São As Outras

– Você já masturbou olhando pro espelho?

Sempre fico meio constrangida com essa pergunta.

– Não. Tenho vergonha de olhar pra minha buceta.

E a nossa manhã começou assim com uma pergunta afiada e uma reflexão profunda que parece que entra pelos olhos até ficar cutucando o cérebro.

Há muito tempo temos feito textos e ações feministas pra nos valorizarmos e pra se fazer perder o medo dos nossos corpos. É ruim de assumir que a caminhada ainda é longa e que às vezes a gente esbarra em uns incômodos estranhos. Não há problema em se masturbar, em olhar as outras se masturbando. As duas coisas são extremamente excitantes mas me pega esse lance de abrir as pernas e ver à mim da perspectiva das outras.

Dá um pouco de medo de olhar pro espelho e de repente não me reconhecer. Quando toco a minha siririca sem ele (o espelho) ainda consigo estar escondida e fico tranquila. Me ver friccionando o clitóris bem rápido seria assumir a minha autosexualidade, reconhecer os pequenos e grandes lábios balançando conforme a fricção da siririca poderia me enlouquecer e acho que eu teria vergonha de ver as minhas caretas.

– Você já? (depois de minutos pensando sozinha)

– Me masturbei olhando pro espelho? (riu). É o que eu mais gosto de fazer… depois de me masturbar pra você.

–  Qual é a sensação de se ver?

– Ah… é muito diferente de ver as outras. Tem vezes que eu olho pro espelho, pequeno ou grande, e nem me reconheço. Pareço um pouco diferente porque estou diferente. Sou uma mulher que se masturba pras outras e se masturba pra si mesma. Também gosto de como reconheço os lábios todos, o clitóris, o colo, os pêlos. Sinto como o clitóris incha quando eu o reconheço e, pode me chamar de louca mas me sinto excitada comigo mesma. É praticamente uma transa. Tem as caretas, os gemidos, uma pessoa fora e outra dentro do espelho. Se eu quiser, posso beijar a minha mão e morder o travesseiro. Tem o cheiro de buceta, os orgasmos fortes e a lubrificação escorrendo pelas pernas.

– Não sei… no caminho tenho medo de encontrar com alguém que eu não conheço.

– Se encontrar, essa pessoa ainda será você mesma.

Fiquei aflita e curiosa. Depois que conversamos, tive um enorme tempo livre e sozinha em casa. Um espaço que poderia ser ocupado por qualquer coisa. Mas das coisas todas uma delas eu queria mais.

Não tenho espelho pequeno em casa. Queria exatamente aquele que imaginei: redondo, mais ou menos do tamanho do meu rosto, com uma aste pra segurar. Pensando melhor tem um espelho que eu usava pra me maquiar que vem grudado com o pote de maquiagem. Do tamanho da palma da minha mão. Levo pro quarto e olho pra ele. De perto dá pra ver meus olhos e talvez e nariz. De longe, o rosto. Reparo como a minha boca é bonita. Qual deve ser a sensação de beijá-la? Se eu passo a língua nos lábios inferiores dá pra ter mais ou menos a sensação. Não posso me beijar mas posso passar a mão no meu pescoço e ver o meu rosto aquecendo. Sento direito. As pernas abertas o suficiente pra sentir como estou excitada. Seguro o espelho com as mão esquerda, aponto para a minha boca e me masturbo devagar. Quando percebi que estava me provocando através do espelho estranhei um pouco mas continuei e os movimentos ficaram mais rápidos até eu gozar. Não sei se isso durou 3 horas ou 2 minutos. Impossível de saber. O espaço e o tempo não entenderiam.

Relaxada do orgasmo quis engatar em outro. Deitada na posição normal não me pareceu atraente. Tem um espelho no banheiro que serve pra vermos os nossos rostos quando acordamos mas eu poderia usá-lo como nunca havia usado antes. Foi preciso uma cadeira pra subir e encaixar a minha vagina no ângulo de espelho que refletiria o meu rosto. Dessa vez não tive medo. Com as pernas um pouco fechadas, abri os lábios maiores da vulva e senti a minha vagina molhada enquanto fazia círculos com os dedos. Posso afirmar com toda certeza que fiquei alí por 350 minutos. O ângulo do espelho não permitiria que eu visse o meu rosto então o imaginei. O cabelo bagunçado, os olhos revirando, a boca sendo mordida por mim mesma. Subindo os dedos para o clitóris apertei-o um pouco mais firme e devagar, criando uma pressão e depois um relaxamento, pressão, relaxamento… Repeti o movimento que fazia com os dedos na vagina nos meus seios ao mesmo tempo. Não sei o que me fez ter aqueles orgasmos seguidos.

Seria possível me masturbar de um jeito que pudesse ver meu corpo, meus olhos e a minha buceta juntos? Lembrei do espelho grande da sala e dos 15 minutos que tinha livre até que alguém chegasse. Pensei um pouco enquanto corria pra ele e quando me vi alí, nua, refletida no espelho, realmente não me reconheci. Passaram-se alguns segundos e me acostumei. Quis fazer diferente das outras vezes e deitei no chão com as pernas dobradas e abertas. Como na posição de um parto. Me vi tão linda. Abri um pouco mais as pernas para ver dentro. Senti tanto tesão que parecia que meu corpo estava derretendo. Enquanto me via, contraía a musculatura da vagina, subia e desci o corpo num ritmo que acompanhava a minha respiração. Sentia como se fosse gozar sem me tocar. Ia gozar sem me tocar. Tive um orgasmo e caí no chão.


Cariño

Posted: May 29th, 2020 | Author: | Filed under: himen elastika literatura erótica anti-pornográfica | Comments Off on Cariño

 

– Em espanhol algumas minas se chamam de “cariño”!!

– Carinho?

– Sim, de carinho, querida, bebê…

– É a coisa mais linda.

Um silêncio.

– Você acha que eu deveria ser mais carinhosa?

– Quê? Claro que não. Por que?

– Ah, sei lá, porque vc veio com esse papo do cariño e tem conversado sobre isso ultimamente. Achei que era um jeito seu de botar o assunto pra mim e me avisar.

– Não… eu só queria te mostrar a palavra fofa. Mas não ligo se quiser me chamar assim rs.

– Você me diria se precisasse que eu fosse mais carinhosa com você?

(Exitei um pouco mas depois saiu). – Diria. (E ela acreditou)

Não diria não. Essas coisas são difíceis. Pedir afeto é difícil porque, às vezes, acho que as pessoas só dão o que elas podem. Pedir mais afeto ou mais carinho seria interferir demais. O problema é que já tem um tempo que não me sinto acarinhada. Estamos juntas num relacionamento? Estamos. Mas não num relacionamento com carinho. Sempre soube que, depois de um tempo junto de alguém, o amor acabava. Isso é óbvio. Tá em todo livro, filme ou novela por aí. Só não sabia que o carinho acabava também. Disso não fui avisada. Fiquei pensando no que é que sobra então. A companhia, o sexo, alguns planos mas eles também desanimam se não tem carinho envolvido neles… Sobra o cuidado também. Cuidado não deixou de existir. Cuidamos uma da outra como se fossemos qualquer pessoa que necessita de cuidado. Carinho é um cuidado específico, mais direcionado. Mais gostoso também.

Talvez isso seja uma urgência amorosa que eu deva informar agora pra ela. Como falo isso? “Oi, sei que seu trabalho tá pesado e que já estamos juntas a um tempo mas será que você podia tentar ser um pouco mais carinhosa comigo?”. Péssimo. Dói de pensar, imagina de falar. Pode ser que eu esteja sendo mimada e exigente demais. É… Ela tem um monte de coisa pra pensar e vai ver isso passou despercebido ou talvez eu realmente não mereça mais do que esse nível de carinho. Há limites pra tudo e sei que tem vez que sou exagerada. Mas não custa falar, né? Já que tô pensando nisso. Posso falar que fiquei pensando nisso depois do que ela falou e queria conversar mais sobre!! Quem sabe mandar uma mensagem agora no meio do dia enquanto estamos cada uma num canto?!

(Txt) – Oi, lindezza. Aqui no trampo tá um tédioooo. Não deixei de pensar em vc nem um segundo, acredita? Tá tudo bem aí?

(Txt) – Tudo! Aqui tá chato tb mas eu dormi dps do almoço e foi legal.

(Txt) – Que bom que dormiu <3 Fiquei pensando dps q cê falou do lance do carinho uma coisa

(Txt) – Foi vc que falou

(Txt) – Eu sei mas vc me fez aquela pergunta e fiquei pensando

(Txt) – Q pergunta? bb tão me chamando aqui e vou ter que fazer umas coisas. Também tô mt tempo mexendo no celular. Vou dar um tempinho. Mais tarde to aí, Bjzzz

Não deu pra falar agora. Muita coisa deve estar acontecendo e é ruim mesmo passar muito tempo no celular, né? Deve ser isso.

Quando cheguei em casa ela já estava lá. Às vezes eu chego antes. Varia. Tava dormindo no sofá. Dei um beijo na testa. Fiz um lanche e deitei junto. Essa parecia uma sensação ideal de carinho mas ela estava dormindo. Não sei até que ponto era uma sensação compartilhada ou eu estava vivendo sozinha.

– Faz tempo que você chegou? (Ela disse acordando)

– Um pouco. Deu tempo de comer e de lavar a louça.

– Hm, então chegou agora porque eu já tinha lavado quase tudo rs

– Tá. Você me pegou. Lavei meu prato e..

(Me interrompeu) – Ai, quer transar um pouquinho?

– Agora? Do nada?

– Sim, você sabe que eu gosto de dar uma rapidinha depois de acordar.

– Ah, baby, não vai rolar. Tô sem pique. Sem contar que, na real, queria trocar uma ideia com você.

– Que foi?

– Preciso que você seja mais carinhosa comigo.

– Ué?! Isso é porque eu sugeri da gente fuder agora? Foi só uma ideia e eu já desisti dela. Por que isso agora?

– Não é agora, bem… você mesma não disse que tinha percebido que esse assunto ta rondando a gente? Teve também nossa conversa hoje cedo sobre “cariño” e sei lá, achei que você tivesse entendido.

– Acho que cê tá viajando. Eu tô o tempo todo aqui pra você. Agora pouco a gente tava abraçada…

– Fui eu que te abracei. Sou sempre eu que te abraço, se eu não não me enfiar no meio dos seus braços acho que eles nem aconteceriam.

– Mas eu retribuo.

– Isso não é o mínimo?

– Já disse que você tá viajando, pedindo demais pra uma situação besta. Vou encontrar umas amigas daqui a pouco pra gente beber no centro. Por que você não vem pra relaxar?

– Não preciso relaxar, preciso conversar com você.

Brigar assim dá vontade de terminar. Sempre. Faz tempo que essa sensação não acontecia mas depois de sentir ela uma vez, já era. A parte boa é que agora tenho um tempo maior pra ficar sozinha pensando e quando ela voltar mais tarde a gente pode investir nisso de novo. Que droga. Odeio ficar esperando por uma conversa que poderia ter acontecido antes. Naquela hora. Qual a dificuldade?

Os minutos tavam passando muito devagar enquanto ela não chegava. Comi todas as unhas e as comidas da casa. Já me masturbei ouvindo duas músicas que eu gosto mas gozei rápido porque não tinha tesão. Ela chegou e agora era eu que estava jogada no sofá.

– Trouxe um docinho.

– Tá bom. Deixa aí que depois eu como.

– Que houve?

– Comi todas as comidas da casa enquanto você não chegava e agora to sem fome.

– Tá, mas o que houve mesmo mesmo?

– Você me deixou aqui no meio de uma conversa que era muito importante pra mim.

– Te chamei pra ir comigo beber com as meninas.

– Mas eu queria que a gente, pelo menos, tentasse concluir as conversas, as ideias. Não queria tomar cerveja e falar besteira hoje.

– Desculpe. Devia ter ficado. A gente nem bebeu quase nada. No final das contas ficamos conversando sobre o casamento da Isa que vai rolar mesmo elas se odiando. É tudo pra manter a imagem delas de relacionamento eterno. Fico triste. Daí pensei em você. Que preciso melhorar. Que te amo como nunca amei ninguém.

– E isso é bom? Você me amar como nunca amou ninguém antes? Me diz por que eu preciso saber. Às vezes acho que se você me ama como nunca amou ninguém então não quero.

– E o que é que você quer?

– Quero que você seja mais carinhosa comigo!

Silêncio.

– Da primeira vez que você me disse isso eu não dei tanta atenção mas agora entendo a importância. Será que você me desculpa e me diz como que eu tenho que fazer?

– Sim, cariño.

Um abraço depois disso e senti que parte das coisas estariam resolvidas.

– Linda, acho que agora eu tô pronta e tô querendo transar com você. Na real, enquanto você não tava eu até toquei uma siriricas só que senti falta de beijar sua boca enquanto tô pra gozar. Igual a gente faz.

– Hmm eu tava pensando e querendo a mesma coisa.

Ficamos abraçadas um tanto de tempo. Difícil desgrudar de um abraço carinhoso. Além de tudo, às vezes, no meio do abraço, as pernas se encaixam dum jeito que não dá vontade de sair. A vontade é a de apertar mais, roçar, roçar, roçar até ter um orgasmo. Estar abraçada também deixa que a gente sinta, beije, mordisque o pescoço uma da outra. Não deu pra ficar muito tempo de roupa. Tiramos os shorts que já estavam quentes. As calcinhas grudando. Ela abriu as pernas. Encaixei as minhas de um jeito que meu clitóris roçava na coxa e, depois no clitóris dela. Pra cima e pra baixo. Adoro a fricção e todo esse momento. A cama balançando, o corpo indo e voltando, a gente mordendo a boca. Às vezes demora um pouco pra gozar mas outras vezes eu já gozei antes de começarmos. Dessa vez gozei antes, depois, durante. Já acabou e ainda tô gozando.

Tesoura é instintivo, né? Tem vez que nunca vai mas é sempre gostoso. Quando estamos muito molhadas posso ouvir os barulhos. Até esqueço que quero atingir um orgasmo quando roçar é o orgasmo em movimento. Parece que uma buceta quer comer a outra. Nem imagino como deva ser gozar ao mesmo tempo.

 

 

 


Períneo Períneo

Posted: May 20th, 2020 | Author: | Filed under: himen elastika literatura erótica anti-pornográfica | Comments Off on Períneo Períneo

 

– Hoje eu tenho o dia livre, cê quer vir me ver?

– Ufa! Quero. Tô com saudade de você.

– Também. Por isso que quando soube que ia tá de boa hoje já pensei em você e decidi mandar mensagem.

– Essa semana tenho pensado muito em você.

– Então mais tarde você me chama aqui no portão? Posso te esperar?

– Sim!!

Hoje é um daqueles dias no meio da semana que de repente cancelam a aula na faculdade, te liberam mais cedo do trabalho e me sobraria uma noite toda livre. Não dá tempo de planejar uma viagem ou de encontrar um show incrível na cidade pra dançar um pouquinho. Às vezes dá mas dessa vez não. Só que desperdiçar esse milagre dos tempos modernos também seria péssimo. Faz quanto tempo que eu não transo? Me vem essa pergunta aleatória na cabeça. “Faz tempo”. Respondi pra mim mesma. Lembrei que tinha alguém em especial que eu gostaria muito de ver hoje. Mandar uma mensagem não custa nada, né?

No caminho do trabalho pra casa fiquei inquieta, o ônibus começou a ir mais devagar e eu tive tempo de criar várias hipóteses do que poderia acontecer à noite. Vou comprar cachaça porque ela gosta e colocar uma cumbia que não seja muito alegrinha mas que seja gostosa. Será que a gente vai transar? Pensei nisso e na hora senti que meu períneo contraiu, fiquei excitada. A nossa imaginação sexual é impressionante. A gente pode transar com várias pessoas na vida mas sempre tem aquelas que deixam a gente com as pernas escorrendo. “Amor de Buceta”, minhas amigas dizem.

Mas além de transar a gente tem tanto pra conversar. Não sei se vai caber no tempo que temos. Não a vejo desde o dia em que decidimos ficar um pouquinho longe uma da outra. Na época a gente achava que tava transando demais. Até pra mim. E aí pareceu, por um momento, que a gente não conversava, não se conhecia… o sexo tomou conta de tudo o que tínhamos construído juntas. Hoje, vendo as coisas com mais delicadeza, sinto saudades do começo, quando a gente transava mas também conversava sobre outras coisas e às vezes até dormia agarrada sem transar. O problema é que nós duas transávamos muito bem juntas e tudo ficou demais. Foi ela que me ensinou a escrever as histórias sexuais que passavam pela minha cabeça todo dia pra exercitar essas ideias e aprender a trabalhar a minha sexualidade duma forma mais controlada. E eu ensinei pra ela que ela devia se exercitar, especialmente, dançar pra ter o mesmo efeito. Antes da gente se “separar”, uma ajudou a outra com estas ideias para melhorarmos. Acho que no fundo a gente queria melhorar pra tentar de novo.

Ainda ando com o caderno de histórias sexuais lésbicas rs. Será que ela ainda dança? Adorava quando dançávamos cumbias agarradas e depois transávamos muito. Hoje a história é sobre o meu períneo, a parte entre o cu e a vagina que, aparentemente não teria nenhuma função além de segurar o nosso corpo. Mas pra mim o períneo é uma zona erógena do corpo que devia ser mais explorada. “Períneo Períneo” vai ser o nome da história ou talvez “Perigo Períneo” porque é um ponto que me deixa fraca rs.

Deu pra escrever um pouco enquanto não chegava em casa mas agora estou me concentrando em não morrer de ansiedade pra ela chegar logo. Primeiro encontro de novo. Sinto todas aquelas bolinhas no estômago mas é engraçado e não me assusta. Coloquei uma roupa leve porque não vamos sair e porque também fica mais fácil de tirar se, de repente ela quiser. Poupei seu tempo botando só um vestido, sem sutiã e calcinha. Vestido vermelho, chinelo mesmo. Já comecei a beber o vinho. Ela chegou.

– Ô linda, abre pra mim?!!!

Lembrei que ela falava assim pra mim quando ia me chupar e fiquei molhada na hora.

– Tô indo, pera aí!

Chegando perto do portão ela piscou fazendo graça, comentou sobre o meu vestido e percebeu a boca manchada de vinho.

– Se eu soubesse que era uma festa tinha me arrumado mais.

– HAHA Ainda pode ser uma festa mesmo desarrumada. Tô te enchendo, cê tá linda. Entra.

Fechei o portão, peguei ela pela mão e tava quente. As mãos estavam quentes, o meu corpo tava fervendo e pude sentir de novo o tesão subir pelas minhas pernas e chegar até a cabeça. Entramos em casa e ela coloca o meu corpo entre o dela e a porta. Chega perto de mim o suficiente pra eu começar a suar.

– Quando você me chamou pra vir aqui hoje eu não pensei que a gente devia transar. Mas agora você tá aqui na minha frente e eu só quero tirar a roupa e chupar sua buceta. Você quer?

Nos beijamos. Ela levantou um pouco o vestido, passou os dedos…

– Nossa… por que você já tá tão molhada? – disse revirando os olhos.

A coisa que ela mais gostava era deixar outra mulher excitada. Era uma das coisas mais importantes.

– Você me chamou ali no portão e eu já fiquei ansiosa pra transar com você. Foi isso. Também não tava pensando só em transar, até por conta dos nossos combinados mas… é difícil controlar meu corpo quando estamos juntas. Você me come muito bem também então tudo isso mexe comigo.

– Vamo transá um pouco mas sem exageros, depois conversar, comer e ouvir uma música?

Plano perfeito. Subimos no sofá que tava perto. Eu subi nela, ela subiu em mim. Meu vestido foi só botar pra cima. A roupa dela foi mais demorada mas adorei o ritual de tirar devagarinho enquanto dava beijos e chupava a buceta pela lateral da calcinha. Depois de tirar toda a roupa, continuei ajoelhada. Pedi pra abrir as pernas pra mim. Beijei as pernas todas. Espalhei a lubrificação com a língua pela vagina, vulva, períneo. Lembrei da história que escrevi. Voltei pra região do períneo e fiz um movimento de cima pra baixo que às vezes tocava na pontinha da entrada da vagina. Ela enrijeceu as pernas e pediu pra continuar. Tocava o clitóris com uns três dedos juntos. Movimentos de cima pra baixo. Toquei o meu próprio clitóris com a mão que sobrou porque estava explodindo de tesão. Achei que ia gozar em segundos. Ela gozou e depois eu gozei ouvindo os gemidos altos. Adoro quando ela faz um barulhão porque eu também faço e acho que uma instiga a outra.

– Você tava se tocando também? Que gostoso… Foi muito forte esse, achei que ia morrer de gozar.

– Tava, precisava ter um orgasmo junto com você, afinal, já tava molhada desde de quando você entrou por essa porta.

– Tá cansada? Deixa eu comer você?

 

 


Paredes Rugosas

Posted: May 8th, 2020 | Author: | Filed under: himen elastika literatura erótica anti-pornográfica | Tags: | Comments Off on Paredes Rugosas

 

 

 

– Às vezes tenho a impressão de que meu corpo tem uma textura estranha, rugosa, que não dá pra perceber de longe. Só sentindo. De longe eu acho que parece que tudo é liso, escorregadio. Quando eu passo a mão pelo meu corpo percebo como a parte de fora se parece com a parte de dentro, rugosa. Qual sua parte preferida da buceta toda?

(Estávamos juntas de novo, tentando ver um filme ou transar. Não sei. Nunca entendo. Pra mim sempre vale a pena transar um pouquinho mas sempre vale a pena ver um filme. Acontece que conversar sobre a buceta é muito estimulante e divertido. Mesmo que depois a gente não se agarre. Sinto um certo prazer em tocar no assunto e em ser compreendida.)

– Puts…tem que escolher uma parte? Da sua eu gosto dela toda.

– Não vale. Tem que escolher. A gente sempre gosta mais de uma parte.

– Gosta dela molhada, sei lá… da lubrificação, da parte dela que é responsável por te deixar molhada quando a gente tá junta. Adoro quando acho que tá molhada, te toco um pouco e vejo que tá. Me deixa mole, mexida, parece que vou derreter junto com você.

– Gostoso… tá bom, a lubrificação vale como uma parte que você gosta da buceta.

– E você? Gosta de qual parte?

– Pra mim é fácil! Das paredes rugosas.

– Como assim?

– Sabe quando você tá excitada, coloca um dedo até a metade e faz um movimento pra cima na direção da bexiga ou da barriga? Nunca consegui gozar assim mas eu sinto as paredes rugosas. Tem um milhão de teorias sobre elas e acho elas curiosas. Também é gostoso de ficar tocando. Mesmo que eu não goze. É uma pira minha com as vaginas.

– Sei. Falam que é bem por alí que dá pra ejacular, né? Soltar aquele jatinho. Parece um orgasmo mais intenso. Nunca tive. Na real, não conheço muito dessa parte. Sou viciada no clitóris e cada dia descubro um movimento novo que eu gosto. É infinito.

– Também gosto. Cê nunca tocou lá? Na parte rugosa?

– Acho que não. Me mostra?

Desci com a mão por dentro da calcinha. Essa conversa sobre nossas bucetas me deixou excitada. O corpo dela estava quente. Ela passou a mão por dentro do meu cabelo e começou a fazer um certo movimento. Entendi que era o movimento que ela queria que eu fizesse na buceta. Ela sempre faz assim. É o nosso combinado. A buceta tava molhada. Senti pela calcinha. Ia mostrar as paredes rugosas mas achei melhor tocar no clitóris um pouquinho. Seguindo o movimento que ela fazia em mim. Eu fazia nela. Um movimento na diagonal, pressionando um pouquinho, depois pressionando mais forte, mexendo os dedos mais rápido até chegar num ponto em que ela não consegue mais se concentrar no movimento que faz no meu cabelo e começa a respirar mais forte. A respiração fica alta e saem uns gemidos acompanhando a velocidade dos dedos. Rápido e pressionando um pouco. Demoram uns minutos nesse transe até que os gemidos silenciam um pouco e depois vem um gemido mais forte e rasgado. À cada gemido eu ficava mais molhada. Esqueci onde estávamos um pouco. Ela tira a minha mão e põe na boca. Achei que a parte que ela mais gostava da buceta era o gosto.

– Adoro gozar quando tô com você.

Outro combinado que tínhamos era o de que gozar dá fome. Então é sempre esse movimento de gozar e comer. Não que sejam muito diferentes. A cozinha é o segundo melhor lugar pra transar. O primeiro é a cama mesmo. Depois de tentar passar um café, recebi um beijo no pescoço quando estava distraída. Entendi que era a vez dela retribuir. Permaneci de costas, ofegando, gemendo um pouquinho. Ela baixou minha calcinha da saia devagar, primeiro com as mãos, depois com o pé. Veio com uma mão por trás e outra pela frente. Sentiu o clitóris e a entradinha da vagina. Eu tava encharcada por ela. Ela percebeu. Deixou as duas mãos no lugar. Começou a me tocar. Me apoiei da pia da cozinha meio desconcertada e deixei ela fazer. Gozei uma, duas, três… Pedi pra parar porque precisava respirar um pouquinho.

– A cozinha é o melhor lugar pra se ter um orgasmo atrás do outro.

– Adoro quando fico por trás de você.

– Não me olha assim. Fico querendo de novo. Vamo comer?

Comemos. Mesmo. Tem dias em que é bom ficar transando por várias horas. Dando uns intervalos pra interagir com outras coisas e depois voltar a fazer. Como num ciclo. Sem ser obsessivo.

– Quer descansar? Ver aquele filme?

– Quero.

Sentamos agora uma do lado da outra.

– Mas fiquei pensando no que cê disse, das paredes rugosas. Me mostra?

– Mostro. Deixa eu tirar sua calcinha?

Tirei a calcinha. Olhei pra ela o tempo todo explicando o caminho. Põe um dedo devagarinho, um pouco fundo, até onde for confortável. Volta com ele pra fora. Põe de novo e desce um pouco até sentir uma parede rugosa que parece listras ásperas.

– Tô sentindo uma sensação gostosa. Não é igual a quando toca o clitóris. Continua. Deixa eu sentir em você?

Tocamos uma na outra durante uns minutos. Ficou mais intenso pra ela então pedi pra parar em mim pra ela gozar. Foram mais uns segundos. Nosso outro combinado era o de que dormir também é gostoso. Então ela me chupou e depois dormimos

 


Esse Toquezinho

Posted: April 15th, 2020 | Author: | Filed under: himen elastika literatura erótica anti-pornográfica | Tags: | Comments Off on Esse Toquezinho

Esse Toquezinho

Estive pensando sobre porque é comum tocar siririca sem estar com tesão mas não é bom transar sem estar excitada, ou melhor, por que transar sem estar com tesão é tão ruim, enquanto se masturbar, na mesma situação, é quase sempre tão gostoso?

As vezes, ao me masturbar sinto que estou antecipando a excitação, chego antes que o próprio frio na barriga apareça e aí quando ele vem já ta tudo preparado. Dá pra fazer tanta coisa consigo mesma… Se juntar duas coisas que você gosta fica ainda melhor: massagear o clitóris e ler um livrinho, deixar um bullet vibrando em cima da buceta enquanto você faz carinho no próprio cabelo, dormir com a mão nos pêlos pubianos, acordar e gozar um pouquinho, ver série enquanto se masturba pensando em qualquer outra coisa, tocar várias siriricas enquanto está menstruada e com raiva… Muitas dessas situações não estão, necessariamente ligadas a um desejo de transar com outra pessoa (mas as vezes é sim e também é gostoso), só que há muitos outros impulsos pra se masturbar que também são ótimos e muito saudáveis como o próprio desejo de autoconhecimento, de ver o quanto de prazer você pode se dar (já que em outros aspectos da vida está difícil), ou ainda, o impulso de aprender técnicas para ensinar para as crushs, amigas e outras mulheres na esperança de fazer com que todas consigam e entrem nesse movimento.

Falando em “movimentos”, um dos primeiros movimentos que vem à cabeça das pessoas quando se trata de masturbação feminina é a penetração sem noção, sem coordenação e sem sentido e, em segundo lugar, o movimento circular no clitóris. Esses dois são clássicos mas não devem ser as únicas alternativas pras nossas bucetas porque às vezes você, como eu, gosta de movimento vertical ao invés de circular ou sente dor com penetração mas gosta de dar umas batidinhas com a ponta dos dedos na entrada da vagina perto do períneo. Tem muitos movimentos que podem ser feitos com os dedos, com o pulso, com a palma das mãos e com vibradores além do movimento circular, é só lembrar das figuras geométricas ou de desenhos abstratos.

O ritmo da siririca também é superestimado, não é com todas que funcionam os vibradores rápidos demais que chega a tremer a cama. Tem vez que também não é gostoso mexer o dedo rápido demais por cima do clitóris na intenção de gozar logo se, no lugar disso, você pode dar toques leves, devagarinho e prolongar os orgasmos. Quanto menos temos medo de demorar, melhor. O orgasmo percebe a pressa.

O resto do corpo também é extremamente importante pra siririca. A coluna arqueada e uma posição desconfortável pra sua cabeça não ajudam e talvez te causem mais stress do que se você sentasse direitinho ou deitasse com a barriga pra cima com as pernas abertas. Essa é a posição tradicional, que apesar de ser muito realizada, continua sendo positiva porque permite explorar vários dos movimentos, usar espelhos pra se ver enquanto se toca, permite tremer as pernas e várias outras sensações durante os orgasmos.

Masturbação feminina é esse toquezinho, leve, gostoso.

 


			 

Literatura Lésbica Erótica Anti-Pornográfica

Posted: April 13th, 2020 | Author: | Filed under: himen elastika literatura erótica anti-pornográfica | Comments Off on Literatura Lésbica Erótica Anti-Pornográfica

A coluna de contos eróticos HÍMEN ELÁSTIKA irá contar histórias, reais ou inventadas, sobre relações de mulheres lésbicas com outras parceiras e também com seu próprio corpo na dimensão do sexo e do erotismo. É importante lembrar que literatura erótica lésbica não é sempre pornográfica e que, inclusive, estes escritos são anti-pornográficos, ou seja, as autoras repudiam a indústria pornográfica e sua reprodução em contos eróticos encontrados em outros lugares que, dizem ser direcionados para mulheres lésbicas ou bissexuais mas na verdade desrespeitam o seu público-alvo, são misóginos e feitos pensados para o público masculino.

Diferente disso, os desenhos, as histórias, a imaginação e os textos são todos construídos por mulheres, declaradamente, lésbicas, feministas e anti-capitalistas. Desse jeito, é impossível que esta produção seja pornográfica. É um insulto que se seja chamada de literatura pornográfica porque os objetivos são contrários e conflituosos.

As autoras também não acreditam em pornografia feminista ou em tentativas de se ressignificar estrututras ou instituições misóginas. Apesar disso, acreditamos que mulheres lésbicas têm desejos sexuais e relações eróticas, amorosas e afetivas com outras mulheres que podem ser abordadas através de uma literatura diferente. Uma literatura que fale sobre siririca, saúde sexual contra IST’S e DST’s, relações não-exclusivas, sexo menstruada, imaginários sexuais e coisas pelas quais mulheres lésbicas passam.

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