o que temos

Sublingual Podcast – 3º EP.

Posted: September 25th, 2020 | Author: | Filed under: antropologia autonoma | Tags: , , , , | Comments Off on Sublingual Podcast – 3º EP.

 

Mais do que apenas um cytotec

Sinopse: Depois da colonização inicial do aborto, a medicina tradicional foi se apropriando cada vez mais do procedimento. Com isso, surge a possibilidade do aborto medicamentoso que poderia ser feito em casa e que revolucionou a indústria do aborto no mundo. O processo deixaria de acontecer somente em hospitais e poderia voltar a ser essencialmente familiar, administrado pelas próprias mulheres. Nesse episódio, vemos como o fenômeno do aborto medicamentoso afetou a sociedade, quanto tempo ficou disponível e por que seu uso foi sendo criminalizado em alguns territórios.

Indicações:

Zine “Embarazoso: Pequena Trajetória do Aborto no Brasil” em https://himenelastika.noblogs.org/post/2020/07/28/zine-embarazoso-pequena-trajetoria-do-aborto-no-brasil/

Web-série “Quién Pudiera”: https://www.youtube.com/watch?v=nckVFLvohJk&t=688s

Spotify:

Anchor: https://anchor.fm/sublingual/episodes/EP-3—Mais-do-que-apenas-um-cytotec-ek5e50


Sublingual Podcast – 2º EP.

Posted: September 24th, 2020 | Author: | Filed under: antropologia autonoma | Tags: , , , , , , | Comments Off on Sublingual Podcast – 2º EP.

A colonização do aborto

Sinopse: Em um momento específico da nossa história, o corpo das mulheres se torna mais interessante e atrai as Ciências Médicas que estariam sendo desenvolvidas na época. As consequências disso foram desastrosas para as mulheres que foram expostas à uma série de violências físicas e psicológicas para o desenvolvimento de teorias científicas. Seus órgãos sexuais e reprodutivos fora m praticamente colonizados para testes e os abortos foram afetados.

Indicações:

Zine “Anarcha Gland” em https://crabgrass.riseup.net/gynepunklab ou https://we.riseup.net/gynepunklab/es-fanzine-anarcha-glam-ilustrado+428565

Zine “Autoexame Ginecológico: Como fazer? Manual Insubordinado que diz que você pode colocar a mão lá sim” PDF zininho espéculo

Spotify: https://open.spotify.com/episode/2X5Mu8VfyTbbTUpGViQHev

Anchor: https://anchor.fm/sublingual/episodes/Ep-2–A-Colonizao-do-Aborto-ek3pb7

 


Sublingual Podcast – Apresentação + 1º EP.

Posted: September 23rd, 2020 | Author: | Filed under: antropologia autonoma | Tags: , , , , | Comments Off on Sublingual Podcast – Apresentação + 1º EP.

Chamada!

Bem-vinda! Esse é o podcast sublingual, um exercício antropológico, lésbico e audio-visual sobre direitos sexuais e reprodutivos. Um espacinho feminista na internet para ouvir azamiga desenvolvendo ideias.

O assunto dessa temporada é aborto. Quem tem direito ao aborto legal no Brasil? Que dizem os movimentos de descriminalização do aborto? Por que que ainda falamos as mesmas coisas a anos e não somos ouvidas?

Serão publicados 6 episódios com essa temática – um por dia – à partir de hoje até o dia 28 de setembro, que homenageia a luta pela descriminalização do aborto no Brasil.

Todos os textos, indicações de livros, filmes, zines e afins estarão disponíveis aqui no blog.

Então é isso, o primeiro episódio já está liberado e é só clicar para ouvir. 

 

Episódio 1 – “Quando o aborto não era interessante”

Sinopse: Aborto, como conhecemos hoje, é uma invenção médica-política recente. Antes do Estado, da polícia e do surgimento da Medicina da Mulher, as práticas abortivas e as perspectivas sobre o processo eram diferentes. Nesse episódio conversamos sobre os grupos de mulheres aborteiras da antiguidade até aproximadamente o século XVIII (Renascimento/Caça às Bruxas).

Indicações:

Zine “Bruxas, Parteiras e Enfermeiras” http://bruxariadistro.com/produto/bruxas-parteiras-e-enfermeiras/

Artigo “Aborto: Um Resgate Histórico e Outros Dados. Néia Schor e Augusta T. de Alvarenga. ” em http://www.revistas.usp.br/jhgd/article/view/38134/40867

Spotify: https://open.spotify.com/show/4mhN2RekKrUQMMrLtRadEI?si=DoaAPeCIRUaRRzDraoBn_w

Soundcloud: https://soundcloud.com/sublingualpodcast/ep-1-quando-o-aborto-nao-era-interessante

 

 


Sublingual Podcast – 5º EP.

Posted: September 22nd, 2020 | Author: | Filed under: antropologia autonoma | Tags: , , , , | Comments Off on Sublingual Podcast – 5º EP.

 

A droga da Objeção de Consciência

Sinopse: Objeção de Consciência é um “direito” que está presente na Constituição e garante que os princípios morais, religiosos ou éticos de uma pessoa não sejam feridos. Na prática, é uma lei que permite que alguns médicos se recusem a realizar abortos legais. 

Indicações: Cartilha “Violência Obstétrica no Abortamento” (2020) do Coletivo Margarida Alves em https://coletivomargaridaalves.org/cartilhas/

Spotify:

Anchor: https://anchor.fm/sublingual/episodes/Ep-5—A-Droga-da-Objeo-de-Conscincia-ek8cmq


Sublingual Podcast – 4º EP.

Posted: September 22nd, 2020 | Author: | Filed under: antropologia autonoma | Tags: , , , , | Comments Off on Sublingual Podcast – 4º EP.

 

O que a anencefalia nos ensinou sobre a descriminalização do aborto?

Sinopse: Anencefalia é uma má formação fetal que faz que os cérebros sejam mal desenvolvidos durante a gestação. Essa condição impossibilita a vida e, desde 2012, o aborto é legalizado para esses casos no Brasil. Mas o movimento que possibilitou a inclusão dessa situação na lei do aborto legal usou estratégias políticas diferentes das que geralmente usam as feministas e construiu um discurso que convenceu os políticos de que este não seria um aborto, mas sim uma “antecipação terapêutica do parto”.

Nesse episódio, analisamos a trajetória da legalização do aborto para casos de anencefalia e os instrumentos que podem ser aproveitados na luta pela descriminalização do aborto atual.

Indicações:

  1. Livro “Uma Lei Para a História: A Legalização do Aborto na França” sobre o discurso da Simone Veil.

Spotify:

Anchor: https://anchor.fm/sublingual/episodes/Ep-4—-O-que-a-anencefalia-nos-ensinou-sobre-descriminalizao-do-aborto-ek6v2f

 

 


“Ovulendas” – Lendas da Ovulação

Posted: September 18th, 2020 | Author: | Filed under: himen elastika literatura erótica anti-pornográfica | Tags: , , , , , , , , | Comments Off on “Ovulendas” – Lendas da Ovulação

– Tô me sentindo  mais atraída por você hoje.

– Acho que é por causa das coisas que tão acontecendo aqui dentro.

– Onde?

– No útero.

E assim flertávamos falando sobre menstruação. Na primeira vez que nos vimos, a famosa conversa-sobre-signos não aconteceu porque gastamos todo o tempo daquela noite contando uma pra outra sobre nossas experiências menstruais. Só depois descobri que ela era libriana com ascendente em leão e as nossas vênus eram iguais: escorpião.

(…)

O nosso primeiro encontro foi numa loja de camisetas no centro. Eu estava lá porque uma camiseta roxa tinha me chamado a atenção e ela, porque morava por ali e tava dando uma volta. Esbarrei – literalmente – nela na sessão de regatinhas pretas e pedi desculpas envergonhada. Ela riu e disse:

– Desculpo se você me fizer um favor.

– O quê? – Perguntei fazendo uma cara estranha.

– Pega aquela regatinha ali no alto pra eu experimentar? Não alcanço ela rs

Fui pegar a bendita e vi que ali naquele cantinho tinham várias estampas incríveis de mulheres da área da música mas também dazartes, da filosofia, da política…

– Eles escondem as camisetas mais legais aqui? Toma a que você pediu. – disse.

– Basicamente isso. Essa loja é antiga e a uns anos atrás uma mulher administrava a maior parte das coisas. Ela que teve a ideia de começar a produzir camisetas com mais caras de mulheres e de outras áreas além da música.  O problema é que acabou não rolando, financeiramente, e os caras que cuidam daqui hoje deixam elas ali onde você encontrou.

– Puxa, mas essas são as melhores camisetas daqui. Até eu quero levar uma. Se você não tivesse me falado eu nunca ia saber… Obrigada.

– Se você não tivesse esbarrado em mim, talvez a gente nunca tivesse conversado. rs

Ficamos uns segundos em silêncio até que eu disse:

–    Sei que pode parecer estranho mas você quer tomar uma cerveja comigo? – fiquei vermelha de vergonha.

– Ah, eu quero. Mas me faz um favor antes?

Fiquei pensando no que podia ser, de novo.

– Você quer que eu pegue outra camiseta pra você?

– Não, haha. Você tem um absorvente pra me dar? Porque acho que desceu pra mim e eu tava despreparada então ia direto pra minha casa, que é aqui perto, mas se a gente for dar um rolê então preciso de um plano b.

– Ih, não tenho. Uso de pano e não tenho nada parecido aqui.

– Também uso mas, às vezes, a gente improvisa com outros, né?  A gente pode comprar no caminho pra algum lugar ou, de repente, podíamos comprar uma brejinhas no mercado e ficar lá em casa mesmo. Que cê acha?

– Topo!

Deu uns 15 minutos do mercado pra casa dela e senti um frio na barriga. No caminho descobrimos os nomes uma da outra, que éramos sapatonas e que no meu ciclo, eu estava ovulando e o dela estava só começando. Chegando em sua casa, ela me convidou pra tomarmos um banho juntas porque estava muito calor. A água gelada escorreu de um jeito muito gostoso em meu rosto. Fechei os olhos pra aproveitar o gosto da sensação e Marina aproveitou meus olhos fechados para me dar um beijo. Lembro da sensação de quase derreter, das pernas ficando bambas e do pescoço ficar quente. De todo modo, meu corpo parecia calmo e confortável com o beijo e com suas mãos que passaram a percorrer o meu corpo. A água não atrapalhou a lubrificação porque, à cada segundo, eu ficava mais molhada. O líquido que caía do chuveiro era liso e rápido, enquanto o que saía do meu corpo era grosso e mais gostoso de deslizar a mão. Do corpo dela saía um pouco de sangue. Marina me virou de costas pra ela, abriu minhas pernas e me abraçou. Tínhamos quase o mesmo tamanho. Ela beijou as minhas costas como se estivesse beijando a minha boca, usou a mão direita pra estimular o meu clitóris apertando como se fosse um botãozinho. Me apoiei na janela porque fiquei com as pernas tremendo e a água continuava escorrendo no rosto e no corpo. Meu clitóris inchou mais e seus dedos se mexeram mais rápido. Quando senti que ia ter um orgasmo, pedi pra tocar mais devagar pra prolongar a sensação. Sempre funciona. Depois do orgasmo, enfiei minha cara na água do chuveiro, ajoelhei e pedi pra chupá-la.

 


Socorristas (Conto)

Posted: September 3rd, 2020 | Author: | Filed under: himen elastika literatura erótica anti-pornográfica | Tags: , , , , , , | Comments Off on Socorristas (Conto)

Invadiram o palanque da Câmara dos Deputados na quinta-feira à noite após o expediente dos políticos nas reuniões de sempre que não decidem nada. Guardaram suas mochilas nas cadeiras, dormiram juntas enquanto outras viraram a madrugada repassando o plano de ação da manhã seguinte. Foi, com certeza, a primeira vez que tantas mulheres brasileiras estiveram no local. Claro que só aconteceu através de uma invasão. O efeito foi inquestionável. As câmeras de segurança foram hackeadas e segurança masculina foi fácil de enganar.

A primeira notícia jornalística que denunciou a ação só ocorreu após 16 horas de ocupação. Isso foi um recorde que demonstrou o potencial de organização das envolvidas. Até este momento, as paredes já estavam todas riscadas e pixadas com mensagens escritas ou coladas de protesto. A última proposta política que estaria rondando pela Câmara não poderia ser aceita.

– A minha vontade era a de invadir a casa de cada um deles e fazer o mesmo… o mesmo que fizemos aqui. – disse Sandra observando as paredes.

-Haja tinta! – Cintia deu um suspiro de sorriram.

– Sabe que eu senti falta dessa adrenalina percorrendo meu corpo? Já experimentei muitas sensações muitas sensações mas poucas como essa. – disse Sandra.

– Sim. Não tem paixão ou viagem para o interior que faça bater assim como essa experiência bateu pra mim. – disse Cintia.

Cintia e Sandra eram socorristas, ou seja, mulheres que acompanhavam ou facilitavam abortos clandestinos em contextos criminalizadores. Pensaram, diversas vezes, em fugir do Brasil pra outros lugares mas ir embora é difícil, principalmente , quando ir embora parece fugir ou desistir de casa. Então, nunca foram.

Pela manhã, as responsáveis pela ação organizaram um café e uma roda para compartilhar algumas impressões.

– Cansei de viver nesse contexto de guerra! – uma das mulheres da roda afirmou com o rosto preocupado.

– Foi uma delícia quebrar algumas cadeiras e fazer tudo. Tenho medo do que farão quando descobrirem mas mais medo ainda do que poderá ser feito, se pá por vingança, em nome da lei. – outra mulher da roda.

– Entendo que todas sintam medo, entendo o medo de vocês mais do que qualquer outra coisa. Só não entendo e não aceito o silêncio que estávamos vivendo lá fora antes que fizéssemos algo. Então, hoje eu prefiro viver o orgulho do que o medo. – Cintia falou enquanto saía da roda.

– Às vezes, esses espaços que criamos enchem a gente de medo, né? – Bárbara diz se aproximando.

– Muito. Queria que as mulheres pudessem sentir e perceber mais do que o medo. Sei lá, raiva, um pouco de orgulho ou sensação de satisfação seriam muito mais úteis. Mas entendo que não são emoções simples de serem sentidas pelas mulheres. A gente vive com a cara enfiada numa bacia de culpa e medo. – Cintia lamenta.

As relações construídas em ações políticas feministas são sempre muito complexas. Depois de superadas as barreiras da rivalidade feminina, a pedra no caminho  seguinte é dificuldade das mulheres feministas de se reconhecerem como agentes de ações certas, boas ou úteis.

Aquelas que não dormiram à noite , se prepararam para dormir pela manhã. Cintia, uma delas, arrumou um colchão e deitou a cabeça que precisava de uns minutos de calma. Lembrou de sua companheira que havia ficado em casa. Pensou no calor do seu corpo que seria ideal para que pudesse dormir mais tranquila. Pensou num abraço, em seus seios encontrando os seios dela, os braços enrolados nos cabelos curtos e depois em um beijo. Quase atingindo todos os 5 sentidos. Pensar assim trouxe um pouco de calma, apesar dos barulhos das discussões políticas ao fundo. Resolveu aproveitar a resposta do seu corpo à isso: a imaginação como instrumento anti-stressivo. Cintia imaginou que sua mão pudesse ajudar a tornar o exercício mais real. Caminhou os dedos pelo queixo, ainda com os olhos fechados, passou-os lentamente pelos lábios inferiores da boca, depois pelos lábios internos da vulva com a outra mão e abriu os olhos. Estava sozinha no espaço em que dormia. Ajeitou seu  lençol por causa do frio, esticou as pernas para poder contorcê-las durante o orgasmo e abaixou a calça até metade da perna. Pensou em Bela, sua companheira de novo, e imaginar seu rosto causou uns arrepios. Mordeu o dedo por um instante como fazia sempre que estava excitada. Sentir os pêlos crescidos da buceta com a mão inteira, depois com os dedos e, por fim, com o pulso. Gostava de como conseguia se masturbar girando o pulso no clitóris. Demorava um pouco mais do que quando fazia com os dedos mas Cintia curtia quando demorava. Bela, quando a chupava, dedicava uns dez minutos para cada pedaço, cada lábio, cada lado, cada ponto do território do corpo mas, se quisesse,  poderia provocar um orgasmo em 2 minutos. Às vezes, o corpo é simples. Foi assim que Cintia teve um ou dois orgasmos pensando em sexo oral. Respirou tranquila, lembrou que não poderia falar com Bela durante a ação e se levantou. Foi até onde Sandra dormia e perguntou:

– Posso botar meu colchão perto de você?

Sandra acenou dizendo que sim e dormiram. Minutos atrás, ela também teve um momento de masturbação reflexiva. A companhia de uma para outra fez com que dormissem.


Cumbia Del Inferno

Posted: July 8th, 2020 | Author: | Filed under: himen elastika literatura erótica anti-pornográfica | Tags: , , , , , | Comments Off on Cumbia Del Inferno

– Melhor fazer aqui ou em outro lugar?

– Ah, cê sabe que pra mim o melhor lugar é a casa. Sempre. Sem contar que aqui a gente se protege do tédio, caso ele apareça; se protege de qualquer climão que possa surgir e de todas as outras coisas possíveis.

– Tá. Então vou convidar só quem eu acho que vem mesmo. Você vai chamar todas as suas amigas?

– Nossas amigas são as mesmas rs

Uma parte só. Mas tenho que admitir que depois de que decidimos morar juntas isso ficou mais intenso. As nossas amigas são as mesmas. Como ela mesma disse. Facilita em partes porque a lista é uma só pras festas mas quando se trata de socorro ou de consolo, a lista também é uma só. É a mesma.

Não estudamos juntas nem nos conhecemos no trabalho. As amigas realmente vieram de locais diferentes mas na comunidade sapatão a integração é rápida e quando fui perceber os círculos já tinham se misturado. Sem contar que, algumas já haviam se relacionado com outras como já estamos acostumadas.

Hoje ficou decidido que iríamos apresentar a casa e o “viver juntas” pra todas. A gente também decidiu não casar e este seria o momento que substituiria o casamento. A nossa festa. Tenho até um vestido de noiva colorido que não se parece nada com um tradicional. Isa vai vestir algo que não sei, junto com um chapéu mexicano. Cumbia. Pensamos em algumas pinturas corporais pro rosto e pro corpo. Queria usar algo azul nos olhos.

Tomara que todas venham com fantasias. A festa tem um propósito mas também é uma desculpa para me vestir de demônio e receber as mulheres que eu gosto. Não sei se Isa sabe mas eu me sinto realmente mais atraente quando me fantasio assim. Me fantasio às vezes, fora de contexto, pra mim mesma e fico reparando em como o meu olhar gosta do que vejo.

– Bem, uma amiga minha que você ainda não conhece vai vir hoje, tudo bem?

– Por mim tudo bem. Vou começar a me trocar. Recebi umas fotos no grupo. Você não vai ser a única com um chapéu mexicano rs

– O nome dela é Débora.

– Hm, bonito o nome. Sinto que quer me dizer alguma coisa.

– Quero. Tive um sonho hoje a noite com ela. Nunca me aconteceu de sentir atração nem nada mas no sonho a gente transava aqui.

– Nós três?

– Sim, eu você e ela.

– E você acha que a gente devia fazer?

– Haha não sei. Acho que te contei isso mais porque eu sei que você pensa em fazer um menage e tenho sentido uma parte de mim querer também.

– Tá bem, amor. Vou ficar atenta aos detalhes hoje. Por que não me apresenta ela e nós vemos como as coisas acontecem? Sei lá, não gosto muito de marcar essas coisas. É bom quando essas situações só fluem.

Antes de me trocar pensei em me masturbar no chuveiro. Tem um vibrador que quase não usamos pra quando tem água corrente envolvida. Sempre me sinto melhor e mais viva depois de gozar comigo mesma. Me fantasiar depois disso foi um ritual muito mais gostoso e sensível. Podia sentir meus dedos mais ágeis para pentear os meus cabelos, os batimentos cardíacos mais leves depois de passar o corpo por um estado de clímax e a boca com um pouco de saliva. Me masturbar me causa muitas coisas boas mas, quase nunca me deixa com menos vontade de transar. O efeito é outro e as duas coisas são diferentes.

– Já ligo o som?

– Sim. Quero dançar um pouco você antes.

– Antes do que?

– Antes das outras chegarem, antes de você me apresentar pra sua amiga que eu ainda não conheço, antes da gente talvez fazer um menage.

Rimos juntas e dançamos um pouco juntas. Algumas de nossas amigas chegaram antes. Mais tarde a casa encheu. Em um momento Isa veio até onde estava, avisou no meu ouvido que ela havia chegado, deu um sorrisinho e saiu. Senti um arrepio e sabia o que significava. Antes de seguí-la, parei e observei o meu corpo: corado, com um pouco de calor e uma pequena lubrificação na vagina. Penso se não foi a cumbia grave de fundo que transformou essa informação simples num convite extremamente excitante que percorreu todo o meu corpo, ou ainda, as fantasias que usamos todas e que representam parte dos nossos desejos. Fiquei paralisada uns segundos pensando, mordisquei a boca e fui atrás delas.

– Essa é Carla. Carla essa é a Lorena minha companheira.

– Finalmente! Isabela sempre falou de você e ja estava começando a pensar que ela tinha uma namorada imaginária.

– Haha então que bom que a gente se encontrou pra você ver que eu existo e que faço uma caipirinha maravilhosa. Você quer?

Fomos as três pra cozinha. Conversamos a maior parte da noite. As três. Carla queria ouvir histórias sobre as nossas amigas que estavam na festa porque não conhecia ninguém. Só nós duas. À cada história que contávamos nos olhávamos no fundo dos olhos. As três. No começo olhares mais tímidos mas ao longo dos minutos alguns olhares começaram a acompanhar alguns suspiros. As histórias ainda estavam sendo contadas mas era somente uma desculpa pra ainda continuar mexendo a boca e a língua. Nos aproximamos para facilitar um beijo entre duas. Depois entre as três e alternando. Perguntei se elas achavam que seria muito ruim se escapássemos uns minutos da nossa própria festa. Subimos para o quarto. Acho que ninguém reparou. Fui a primeira a ir para a janela e ficar observando as duas. Disse que me agradaria vê-las dalí um pouco. Gostei da presença do som da cumbia ao fundo, de ouvir os suspiros, os beijos e as vezes em que olhavam para mim. Confesso que ver a minha companheira chupando a buceta dela me proporcionou um orgasmo visual. Visual e físico. De ficar escorrendo. Depois de sentir as coxas molhadas, passei a mão e chupei os dedos. Deitei ao lado delas. Assisti seus orgasmos até o final. Senti uma sensação extrema de relaxamento.

– Deixa eu sentar em você? – Disse pra Carla que estava retomando a respiração aos poucos.

Sentei e ela revirou os olhos quando percebeu o quanto estava molhada. Ao mesmo tempo, pediu pra ser chupada de novo e assim fizemos ficando imersas nos nossos barulhos até retornarmos aos barulhos da festa que havíamos marcado.

 

 


Meu Espelho São As Outras

Posted: June 19th, 2020 | Author: | Filed under: himen elastika literatura erótica anti-pornográfica | Tags: , , , , , | Comments Off on Meu Espelho São As Outras

– Você já masturbou olhando pro espelho?

Sempre fico meio constrangida com essa pergunta.

– Não. Tenho vergonha de olhar pra minha buceta.

E a nossa manhã começou assim com uma pergunta afiada e uma reflexão profunda que parece que entra pelos olhos até ficar cutucando o cérebro.

Há muito tempo temos feito textos e ações feministas pra nos valorizarmos e pra se fazer perder o medo dos nossos corpos. É ruim de assumir que a caminhada ainda é longa e que às vezes a gente esbarra em uns incômodos estranhos. Não há problema em se masturbar, em olhar as outras se masturbando. As duas coisas são extremamente excitantes mas me pega esse lance de abrir as pernas e ver à mim da perspectiva das outras.

Dá um pouco de medo de olhar pro espelho e de repente não me reconhecer. Quando toco a minha siririca sem ele (o espelho) ainda consigo estar escondida e fico tranquila. Me ver friccionando o clitóris bem rápido seria assumir a minha autosexualidade, reconhecer os pequenos e grandes lábios balançando conforme a fricção da siririca poderia me enlouquecer e acho que eu teria vergonha de ver as minhas caretas.

– Você já? (depois de minutos pensando sozinha)

– Me masturbei olhando pro espelho? (riu). É o que eu mais gosto de fazer… depois de me masturbar pra você.

–  Qual é a sensação de se ver?

– Ah… é muito diferente de ver as outras. Tem vezes que eu olho pro espelho, pequeno ou grande, e nem me reconheço. Pareço um pouco diferente porque estou diferente. Sou uma mulher que se masturba pras outras e se masturba pra si mesma. Também gosto de como reconheço os lábios todos, o clitóris, o colo, os pêlos. Sinto como o clitóris incha quando eu o reconheço e, pode me chamar de louca mas me sinto excitada comigo mesma. É praticamente uma transa. Tem as caretas, os gemidos, uma pessoa fora e outra dentro do espelho. Se eu quiser, posso beijar a minha mão e morder o travesseiro. Tem o cheiro de buceta, os orgasmos fortes e a lubrificação escorrendo pelas pernas.

– Não sei… no caminho tenho medo de encontrar com alguém que eu não conheço.

– Se encontrar, essa pessoa ainda será você mesma.

Fiquei aflita e curiosa. Depois que conversamos, tive um enorme tempo livre e sozinha em casa. Um espaço que poderia ser ocupado por qualquer coisa. Mas das coisas todas uma delas eu queria mais.

Não tenho espelho pequeno em casa. Queria exatamente aquele que imaginei: redondo, mais ou menos do tamanho do meu rosto, com uma aste pra segurar. Pensando melhor tem um espelho que eu usava pra me maquiar que vem grudado com o pote de maquiagem. Do tamanho da palma da minha mão. Levo pro quarto e olho pra ele. De perto dá pra ver meus olhos e talvez e nariz. De longe, o rosto. Reparo como a minha boca é bonita. Qual deve ser a sensação de beijá-la? Se eu passo a língua nos lábios inferiores dá pra ter mais ou menos a sensação. Não posso me beijar mas posso passar a mão no meu pescoço e ver o meu rosto aquecendo. Sento direito. As pernas abertas o suficiente pra sentir como estou excitada. Seguro o espelho com as mão esquerda, aponto para a minha boca e me masturbo devagar. Quando percebi que estava me provocando através do espelho estranhei um pouco mas continuei e os movimentos ficaram mais rápidos até eu gozar. Não sei se isso durou 3 horas ou 2 minutos. Impossível de saber. O espaço e o tempo não entenderiam.

Relaxada do orgasmo quis engatar em outro. Deitada na posição normal não me pareceu atraente. Tem um espelho no banheiro que serve pra vermos os nossos rostos quando acordamos mas eu poderia usá-lo como nunca havia usado antes. Foi preciso uma cadeira pra subir e encaixar a minha vagina no ângulo de espelho que refletiria o meu rosto. Dessa vez não tive medo. Com as pernas um pouco fechadas, abri os lábios maiores da vulva e senti a minha vagina molhada enquanto fazia círculos com os dedos. Posso afirmar com toda certeza que fiquei alí por 350 minutos. O ângulo do espelho não permitiria que eu visse o meu rosto então o imaginei. O cabelo bagunçado, os olhos revirando, a boca sendo mordida por mim mesma. Subindo os dedos para o clitóris apertei-o um pouco mais firme e devagar, criando uma pressão e depois um relaxamento, pressão, relaxamento… Repeti o movimento que fazia com os dedos na vagina nos meus seios ao mesmo tempo. Não sei o que me fez ter aqueles orgasmos seguidos.

Seria possível me masturbar de um jeito que pudesse ver meu corpo, meus olhos e a minha buceta juntos? Lembrei do espelho grande da sala e dos 15 minutos que tinha livre até que alguém chegasse. Pensei um pouco enquanto corria pra ele e quando me vi alí, nua, refletida no espelho, realmente não me reconheci. Passaram-se alguns segundos e me acostumei. Quis fazer diferente das outras vezes e deitei no chão com as pernas dobradas e abertas. Como na posição de um parto. Me vi tão linda. Abri um pouco mais as pernas para ver dentro. Senti tanto tesão que parecia que meu corpo estava derretendo. Enquanto me via, contraía a musculatura da vagina, subia e desci o corpo num ritmo que acompanhava a minha respiração. Sentia como se fosse gozar sem me tocar. Ia gozar sem me tocar. Tive um orgasmo e caí no chão.


Paredes Rugosas

Posted: May 8th, 2020 | Author: | Filed under: himen elastika literatura erótica anti-pornográfica | Tags: | Comments Off on Paredes Rugosas

 

 

 

– Às vezes tenho a impressão de que meu corpo tem uma textura estranha, rugosa, que não dá pra perceber de longe. Só sentindo. De longe eu acho que parece que tudo é liso, escorregadio. Quando eu passo a mão pelo meu corpo percebo como a parte de fora se parece com a parte de dentro, rugosa. Qual sua parte preferida da buceta toda?

(Estávamos juntas de novo, tentando ver um filme ou transar. Não sei. Nunca entendo. Pra mim sempre vale a pena transar um pouquinho mas sempre vale a pena ver um filme. Acontece que conversar sobre a buceta é muito estimulante e divertido. Mesmo que depois a gente não se agarre. Sinto um certo prazer em tocar no assunto e em ser compreendida.)

– Puts…tem que escolher uma parte? Da sua eu gosto dela toda.

– Não vale. Tem que escolher. A gente sempre gosta mais de uma parte.

– Gosta dela molhada, sei lá… da lubrificação, da parte dela que é responsável por te deixar molhada quando a gente tá junta. Adoro quando acho que tá molhada, te toco um pouco e vejo que tá. Me deixa mole, mexida, parece que vou derreter junto com você.

– Gostoso… tá bom, a lubrificação vale como uma parte que você gosta da buceta.

– E você? Gosta de qual parte?

– Pra mim é fácil! Das paredes rugosas.

– Como assim?

– Sabe quando você tá excitada, coloca um dedo até a metade e faz um movimento pra cima na direção da bexiga ou da barriga? Nunca consegui gozar assim mas eu sinto as paredes rugosas. Tem um milhão de teorias sobre elas e acho elas curiosas. Também é gostoso de ficar tocando. Mesmo que eu não goze. É uma pira minha com as vaginas.

– Sei. Falam que é bem por alí que dá pra ejacular, né? Soltar aquele jatinho. Parece um orgasmo mais intenso. Nunca tive. Na real, não conheço muito dessa parte. Sou viciada no clitóris e cada dia descubro um movimento novo que eu gosto. É infinito.

– Também gosto. Cê nunca tocou lá? Na parte rugosa?

– Acho que não. Me mostra?

Desci com a mão por dentro da calcinha. Essa conversa sobre nossas bucetas me deixou excitada. O corpo dela estava quente. Ela passou a mão por dentro do meu cabelo e começou a fazer um certo movimento. Entendi que era o movimento que ela queria que eu fizesse na buceta. Ela sempre faz assim. É o nosso combinado. A buceta tava molhada. Senti pela calcinha. Ia mostrar as paredes rugosas mas achei melhor tocar no clitóris um pouquinho. Seguindo o movimento que ela fazia em mim. Eu fazia nela. Um movimento na diagonal, pressionando um pouquinho, depois pressionando mais forte, mexendo os dedos mais rápido até chegar num ponto em que ela não consegue mais se concentrar no movimento que faz no meu cabelo e começa a respirar mais forte. A respiração fica alta e saem uns gemidos acompanhando a velocidade dos dedos. Rápido e pressionando um pouco. Demoram uns minutos nesse transe até que os gemidos silenciam um pouco e depois vem um gemido mais forte e rasgado. À cada gemido eu ficava mais molhada. Esqueci onde estávamos um pouco. Ela tira a minha mão e põe na boca. Achei que a parte que ela mais gostava da buceta era o gosto.

– Adoro gozar quando tô com você.

Outro combinado que tínhamos era o de que gozar dá fome. Então é sempre esse movimento de gozar e comer. Não que sejam muito diferentes. A cozinha é o segundo melhor lugar pra transar. O primeiro é a cama mesmo. Depois de tentar passar um café, recebi um beijo no pescoço quando estava distraída. Entendi que era a vez dela retribuir. Permaneci de costas, ofegando, gemendo um pouquinho. Ela baixou minha calcinha da saia devagar, primeiro com as mãos, depois com o pé. Veio com uma mão por trás e outra pela frente. Sentiu o clitóris e a entradinha da vagina. Eu tava encharcada por ela. Ela percebeu. Deixou as duas mãos no lugar. Começou a me tocar. Me apoiei da pia da cozinha meio desconcertada e deixei ela fazer. Gozei uma, duas, três… Pedi pra parar porque precisava respirar um pouquinho.

– A cozinha é o melhor lugar pra se ter um orgasmo atrás do outro.

– Adoro quando fico por trás de você.

– Não me olha assim. Fico querendo de novo. Vamo comer?

Comemos. Mesmo. Tem dias em que é bom ficar transando por várias horas. Dando uns intervalos pra interagir com outras coisas e depois voltar a fazer. Como num ciclo. Sem ser obsessivo.

– Quer descansar? Ver aquele filme?

– Quero.

Sentamos agora uma do lado da outra.

– Mas fiquei pensando no que cê disse, das paredes rugosas. Me mostra?

– Mostro. Deixa eu tirar sua calcinha?

Tirei a calcinha. Olhei pra ela o tempo todo explicando o caminho. Põe um dedo devagarinho, um pouco fundo, até onde for confortável. Volta com ele pra fora. Põe de novo e desce um pouco até sentir uma parede rugosa que parece listras ásperas.

– Tô sentindo uma sensação gostosa. Não é igual a quando toca o clitóris. Continua. Deixa eu sentir em você?

Tocamos uma na outra durante uns minutos. Ficou mais intenso pra ela então pedi pra parar em mim pra ela gozar. Foram mais uns segundos. Nosso outro combinado era o de que dormir também é gostoso. Então ela me chupou e depois dormimos