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Brava – Conto Erótico

Posted: October 10th, 2020 | Author: | Filed under: himen elastika literatura erótica anti-pornográfica | Tags: , , , , | Comments Off on Brava – Conto Erótico

– Não gosto de transar com raiva.

Geralmente percebo um hype muito grande em cima da ideia de fazer sexo com as parceiras quando estamos nervosas com outras fitas ou mesmo iradas com nossas próprias parceiras sexuais. Como se, de certa forma, as relações fluíssem de um jeito muito mais prazeroso assim. Há controvérsias. Canso de dizer prazamiga o quanto discordo e, quase sempre, a gente concorda em discordar. Me preocupa a glamourização da ira e da violência adentrando nossas relações mais afetivas e carinhosas e as consequências disso. A comunidade lésbica jovem adotou esse rolê com uma intensidade profunda porque têm sido influenciada diretamente por lésbicas mais velhas, filmes, livros e a galera com sexualidade ativa que defende essa ideia.
Não vejo problema em transar com raiva às vezes por achar que os orgasmos e os beijos aliviam as sensações de tensão decorrentes da ira, ou ainda, por acreditar que a raiva melhore o desempenho sexual e afins. Mas, depender e defender a raiva como a maior emoção mobilizadora do tesão para todos os casos me preocupa. O motor das minhas relações sexuais com outras mulheres jamais poderia ser algo parecido.

– Bê?Bê? Tá aí? Cê viajou uns segundos. A gente tava rindo de você.

– Desculpa! Tava pensando sobre.

– Todo mundo também tava rs Enquanto cê tava no mundo da lua aí eu tava dizendo que gosto de fazer sexo quando estou brava com outras coisas da minha vida, não com a minha parceira porque aí é foda. (riram)

– Tipo brava com o patriarcado, bixxa? Mas e aí, cê consegue se concentrar sem ficar uma pilha de nervos?

– Claro que sim! Pra mim a raiva é o motor da ação, da criatividade e do poder, Bê! Audre Lorde já dizia.

– Haha, ah pois pra mim Audre quis dizer foi outra coisa, viu? Que a gente não deve negar ou ignorar a raiva e deve se apropriar dela para reagir à opressões e reivindicar coisas. Só que quando ela fala de sexualidade, erotismo na verdade, aí é outra fita. Não vejo a raiva sendo defendida alí. Nossos corpos não estão disputando por poder quando a gente transa ou pelo menos não deveriam. Por isso a raiva não me cabe alí, no momento com as companheiras. Deixo ela para quando a gente tiver que invadir uns espaços, construir novas políticas e etc.

– Ai Bê! Muito conservadora você. Relaxa rs

– É, deve ser…

Na real, pode ser mesmo. Com o boom de glamourização e de associação do sexo com a raiva a gente chega a se questionar se não estamos sendo exageradas. Mas, se eu puder escolher – e posso – prefiro transar quando tá tudo bem, de preferência à tardezinha, não à noite, e de luz bem acesa pra ver tudo. Mas isso daria outras discussões.
Depois de conversar com as meninas da bateria na praça, segui pra casa. De noite teria um date que achei que nunca ia rolar até que ela finalmente veio pra MG fazer um curso.

“Tô indo pra sua cidade semana que vem para um curso, pensei em te mandar mensagem para ver se você conhece um lugar barato pra dormir por aí- de preferência sua cama – por uns 3 só. Depois volto pra SP. Um beijo”. Essa foi a mensagem que recebi e que acelerou um pouco meus batimentos. Respondi “Vou te mandar um endereço de um lugar muito gostoso e arejado”, vulgo minha casa. Resolvi fazer uma janta boa para recebê-la.  Além disso precisaria deixar o lugar gostoso e arejado como prometi ou me defender dizendo que gostosa e arejada sou eu.

19:30hrs ouço umas palmas no portão. Não tinha terminado a janta, nem arrumado nada. Disse que ela havia estragado a surpresa e ela respondeu que gosta de ser a surpresa. Me deu um beijo lento e quente assim que chegou e senti arrepios. Pedi para que entrasse e ficasse à vontade. Enquanto isso fui para a cozinha jogar o molho no macarrão.

– Quer trocar a música? – eu disse.

– Não, xuxu. Adoro Luisa Maita. Me deixa leve, faz parecer que tô em casa.

– Que bom! – eu disse.

– Inclusive, já que pediu para que eu ficasse à vontade…

Tirou o vestido que vestia quando chegou. Jogou-o no sofá junto com sua mochila, suas coisas, sua calcinha e andou até mim com um rosto de suspense. Desliguei o fogo, fiquei quente. Ela mordiscou o meu pescoço e grudou seu corpo contra o meu. Nos beijamos durante uns 10 minutos na mesma posição até o momento em que tive a sensação de que teria um orgasmo visual com aquela cena.

– A gente pode ir para o sofá ou pra outro lugar que dê pra eu sentar em você? – ela disse.

Seguimos pra fora da cozinha mas, antes do sofá, encontramos o tapete do chão que pareceu mais perto e, já que não aguentamos esperar, caímos por alí. Ela tirou minhas roupas, os beijos demorados aceleraram e, quando as duas estavam extremamente excitadas, roçamos uma buceta na outra. Encaixamos depois de uns segundos e os meus olhos reviraram. Confesso que é difícil gozar nessa posição mas nada descreve a sensação de juntar uma buceta na outra e sentir – do jeito mais gostoso possível – a intensidade com que ambas estão excitadas. Ela teve um orgasmo. Eu gostei de ver e de sentir. Depois me masturbei enquanto ela olhava pra mim retomando a respiração e transamos durante umas horas.


“Ovulendas” – Lendas da Ovulação

Posted: September 18th, 2020 | Author: | Filed under: himen elastika literatura erótica anti-pornográfica | Tags: , , , , , , , , | Comments Off on “Ovulendas” – Lendas da Ovulação

– Tô me sentindo  mais atraída por você hoje.

– Acho que é por causa das coisas que tão acontecendo aqui dentro.

– Onde?

– No útero.

E assim flertávamos falando sobre menstruação. Na primeira vez que nos vimos, a famosa conversa-sobre-signos não aconteceu porque gastamos todo o tempo daquela noite contando uma pra outra sobre nossas experiências menstruais. Só depois descobri que ela era libriana com ascendente em leão e as nossas vênus eram iguais: escorpião.

(…)

O nosso primeiro encontro foi numa loja de camisetas no centro. Eu estava lá porque uma camiseta roxa tinha me chamado a atenção e ela, porque morava por ali e tava dando uma volta. Esbarrei – literalmente – nela na sessão de regatinhas pretas e pedi desculpas envergonhada. Ela riu e disse:

– Desculpo se você me fizer um favor.

– O quê? – Perguntei fazendo uma cara estranha.

– Pega aquela regatinha ali no alto pra eu experimentar? Não alcanço ela rs

Fui pegar a bendita e vi que ali naquele cantinho tinham várias estampas incríveis de mulheres da área da música mas também dazartes, da filosofia, da política…

– Eles escondem as camisetas mais legais aqui? Toma a que você pediu. – disse.

– Basicamente isso. Essa loja é antiga e a uns anos atrás uma mulher administrava a maior parte das coisas. Ela que teve a ideia de começar a produzir camisetas com mais caras de mulheres e de outras áreas além da música.  O problema é que acabou não rolando, financeiramente, e os caras que cuidam daqui hoje deixam elas ali onde você encontrou.

– Puxa, mas essas são as melhores camisetas daqui. Até eu quero levar uma. Se você não tivesse me falado eu nunca ia saber… Obrigada.

– Se você não tivesse esbarrado em mim, talvez a gente nunca tivesse conversado. rs

Ficamos uns segundos em silêncio até que eu disse:

–    Sei que pode parecer estranho mas você quer tomar uma cerveja comigo? – fiquei vermelha de vergonha.

– Ah, eu quero. Mas me faz um favor antes?

Fiquei pensando no que podia ser, de novo.

– Você quer que eu pegue outra camiseta pra você?

– Não, haha. Você tem um absorvente pra me dar? Porque acho que desceu pra mim e eu tava despreparada então ia direto pra minha casa, que é aqui perto, mas se a gente for dar um rolê então preciso de um plano b.

– Ih, não tenho. Uso de pano e não tenho nada parecido aqui.

– Também uso mas, às vezes, a gente improvisa com outros, né?  A gente pode comprar no caminho pra algum lugar ou, de repente, podíamos comprar uma brejinhas no mercado e ficar lá em casa mesmo. Que cê acha?

– Topo!

Deu uns 15 minutos do mercado pra casa dela e senti um frio na barriga. No caminho descobrimos os nomes uma da outra, que éramos sapatonas e que no meu ciclo, eu estava ovulando e o dela estava só começando. Chegando em sua casa, ela me convidou pra tomarmos um banho juntas porque estava muito calor. A água gelada escorreu de um jeito muito gostoso em meu rosto. Fechei os olhos pra aproveitar o gosto da sensação e Marina aproveitou meus olhos fechados para me dar um beijo. Lembro da sensação de quase derreter, das pernas ficando bambas e do pescoço ficar quente. De todo modo, meu corpo parecia calmo e confortável com o beijo e com suas mãos que passaram a percorrer o meu corpo. A água não atrapalhou a lubrificação porque, à cada segundo, eu ficava mais molhada. O líquido que caía do chuveiro era liso e rápido, enquanto o que saía do meu corpo era grosso e mais gostoso de deslizar a mão. Do corpo dela saía um pouco de sangue. Marina me virou de costas pra ela, abriu minhas pernas e me abraçou. Tínhamos quase o mesmo tamanho. Ela beijou as minhas costas como se estivesse beijando a minha boca, usou a mão direita pra estimular o meu clitóris apertando como se fosse um botãozinho. Me apoiei na janela porque fiquei com as pernas tremendo e a água continuava escorrendo no rosto e no corpo. Meu clitóris inchou mais e seus dedos se mexeram mais rápido. Quando senti que ia ter um orgasmo, pedi pra tocar mais devagar pra prolongar a sensação. Sempre funciona. Depois do orgasmo, enfiei minha cara na água do chuveiro, ajoelhei e pedi pra chupá-la.

 


Cumbia Del Inferno

Posted: July 8th, 2020 | Author: | Filed under: himen elastika literatura erótica anti-pornográfica | Tags: , , , , , | Comments Off on Cumbia Del Inferno

– Melhor fazer aqui ou em outro lugar?

– Ah, cê sabe que pra mim o melhor lugar é a casa. Sempre. Sem contar que aqui a gente se protege do tédio, caso ele apareça; se protege de qualquer climão que possa surgir e de todas as outras coisas possíveis.

– Tá. Então vou convidar só quem eu acho que vem mesmo. Você vai chamar todas as suas amigas?

– Nossas amigas são as mesmas rs

Uma parte só. Mas tenho que admitir que depois de que decidimos morar juntas isso ficou mais intenso. As nossas amigas são as mesmas. Como ela mesma disse. Facilita em partes porque a lista é uma só pras festas mas quando se trata de socorro ou de consolo, a lista também é uma só. É a mesma.

Não estudamos juntas nem nos conhecemos no trabalho. As amigas realmente vieram de locais diferentes mas na comunidade sapatão a integração é rápida e quando fui perceber os círculos já tinham se misturado. Sem contar que, algumas já haviam se relacionado com outras como já estamos acostumadas.

Hoje ficou decidido que iríamos apresentar a casa e o “viver juntas” pra todas. A gente também decidiu não casar e este seria o momento que substituiria o casamento. A nossa festa. Tenho até um vestido de noiva colorido que não se parece nada com um tradicional. Isa vai vestir algo que não sei, junto com um chapéu mexicano. Cumbia. Pensamos em algumas pinturas corporais pro rosto e pro corpo. Queria usar algo azul nos olhos.

Tomara que todas venham com fantasias. A festa tem um propósito mas também é uma desculpa para me vestir de demônio e receber as mulheres que eu gosto. Não sei se Isa sabe mas eu me sinto realmente mais atraente quando me fantasio assim. Me fantasio às vezes, fora de contexto, pra mim mesma e fico reparando em como o meu olhar gosta do que vejo.

– Bem, uma amiga minha que você ainda não conhece vai vir hoje, tudo bem?

– Por mim tudo bem. Vou começar a me trocar. Recebi umas fotos no grupo. Você não vai ser a única com um chapéu mexicano rs

– O nome dela é Débora.

– Hm, bonito o nome. Sinto que quer me dizer alguma coisa.

– Quero. Tive um sonho hoje a noite com ela. Nunca me aconteceu de sentir atração nem nada mas no sonho a gente transava aqui.

– Nós três?

– Sim, eu você e ela.

– E você acha que a gente devia fazer?

– Haha não sei. Acho que te contei isso mais porque eu sei que você pensa em fazer um menage e tenho sentido uma parte de mim querer também.

– Tá bem, amor. Vou ficar atenta aos detalhes hoje. Por que não me apresenta ela e nós vemos como as coisas acontecem? Sei lá, não gosto muito de marcar essas coisas. É bom quando essas situações só fluem.

Antes de me trocar pensei em me masturbar no chuveiro. Tem um vibrador que quase não usamos pra quando tem água corrente envolvida. Sempre me sinto melhor e mais viva depois de gozar comigo mesma. Me fantasiar depois disso foi um ritual muito mais gostoso e sensível. Podia sentir meus dedos mais ágeis para pentear os meus cabelos, os batimentos cardíacos mais leves depois de passar o corpo por um estado de clímax e a boca com um pouco de saliva. Me masturbar me causa muitas coisas boas mas, quase nunca me deixa com menos vontade de transar. O efeito é outro e as duas coisas são diferentes.

– Já ligo o som?

– Sim. Quero dançar um pouco você antes.

– Antes do que?

– Antes das outras chegarem, antes de você me apresentar pra sua amiga que eu ainda não conheço, antes da gente talvez fazer um menage.

Rimos juntas e dançamos um pouco juntas. Algumas de nossas amigas chegaram antes. Mais tarde a casa encheu. Em um momento Isa veio até onde estava, avisou no meu ouvido que ela havia chegado, deu um sorrisinho e saiu. Senti um arrepio e sabia o que significava. Antes de seguí-la, parei e observei o meu corpo: corado, com um pouco de calor e uma pequena lubrificação na vagina. Penso se não foi a cumbia grave de fundo que transformou essa informação simples num convite extremamente excitante que percorreu todo o meu corpo, ou ainda, as fantasias que usamos todas e que representam parte dos nossos desejos. Fiquei paralisada uns segundos pensando, mordisquei a boca e fui atrás delas.

– Essa é Carla. Carla essa é a Lorena minha companheira.

– Finalmente! Isabela sempre falou de você e ja estava começando a pensar que ela tinha uma namorada imaginária.

– Haha então que bom que a gente se encontrou pra você ver que eu existo e que faço uma caipirinha maravilhosa. Você quer?

Fomos as três pra cozinha. Conversamos a maior parte da noite. As três. Carla queria ouvir histórias sobre as nossas amigas que estavam na festa porque não conhecia ninguém. Só nós duas. À cada história que contávamos nos olhávamos no fundo dos olhos. As três. No começo olhares mais tímidos mas ao longo dos minutos alguns olhares começaram a acompanhar alguns suspiros. As histórias ainda estavam sendo contadas mas era somente uma desculpa pra ainda continuar mexendo a boca e a língua. Nos aproximamos para facilitar um beijo entre duas. Depois entre as três e alternando. Perguntei se elas achavam que seria muito ruim se escapássemos uns minutos da nossa própria festa. Subimos para o quarto. Acho que ninguém reparou. Fui a primeira a ir para a janela e ficar observando as duas. Disse que me agradaria vê-las dalí um pouco. Gostei da presença do som da cumbia ao fundo, de ouvir os suspiros, os beijos e as vezes em que olhavam para mim. Confesso que ver a minha companheira chupando a buceta dela me proporcionou um orgasmo visual. Visual e físico. De ficar escorrendo. Depois de sentir as coxas molhadas, passei a mão e chupei os dedos. Deitei ao lado delas. Assisti seus orgasmos até o final. Senti uma sensação extrema de relaxamento.

– Deixa eu sentar em você? – Disse pra Carla que estava retomando a respiração aos poucos.

Sentei e ela revirou os olhos quando percebeu o quanto estava molhada. Ao mesmo tempo, pediu pra ser chupada de novo e assim fizemos ficando imersas nos nossos barulhos até retornarmos aos barulhos da festa que havíamos marcado.